O mais popular poeta do seu tempo estava no leito da morte a despedir-se de uma vida curta, recheada de peripécias, de boémia, de desvios à moral vigente, de situações extremas em que chegara a passar pela mendicidade, no Oriente, e pelos rigores da prisão. Fiel à liberdade do pensamento, inadequado a um reino onde prevaleciam os espíritos mesquinhos e a inveja, tinha como modelo outro poeta, cantor da Pátria, que, como ele, jamais se rendera à mediocridade dos seus contemporâneos.
Com a irmã a seu lado, assistindo-o na hora da partida, ela também poetisa, o poeta vê, nos seus olhos, a sua vida e a sua morte, duas faces da mesma moeda, a passarem diante de si como um filme. A este vate de forte pendor neoclássico, que oscilou sempre entre o coração e a razão, é o primeiro que vence, e quando morre, na presença da irmã e da sobrinha, dois anjos que jamais o abandonam, tinha deixado abertas as portas para o Romantismo poder entrar…