Sinopse
Num reino medieval, voltado para o oceano Atlântico, um rei compunha cantigas d'amigo e d'amor, deixando-se embala pelo rumor de pinheiros agitados pelo vento e pelo murmúrio de ondas que vinham derramar-se nas praias.
Era um rei apaixonado, sonhador, mas ao mesmo tempo não lhe faltava determinação nem génio para a ação, de tal modo que desenvolveu o reino em todos os domínios: na agricultura, no comércio, na defesa, na cultura, no ensino, na fundação de povoações, na organização interna; foi ele também que tornou oficial a língua falada pelo povo.
Com talento para a diplomacia, justo, equilibrado, protetor de uma ordem monástica perseguida e extinta além-fronteiras, próximo das pessoas mais simples, que muito o estimavam, jamais se deixando intimidar pelos abusos dos poderosos, que combatia, normalizara as relações com a Igreja e fora chamado para mediar conflitos entre reinos vizinhos. Era um rei feliz, que tivera ainda a felicidade de casar com uma mulher culta, de grandes qualidades, com o dom de fazer milagres, uma rainha generosa que ficaria na memória do povo como a Rainha Santa.
Tudo se conjugava para que, no fim da vida, pudesse colher os frutos da sua boa governação, mas, tal como o seu avô, um rei sábio que muito admirava, teve de suportar as lutas de poder entre parentes próximos e, no seu caso, foi lançado numa guerra civil contra o seu próprio filho, ávido de poder e aliado de gentes mesquinhas.
Quando morreu, sem o poder adivinhar, preparara o seu pequeno reino para a grande aventura da navegação nos mares e para o encontro com povos de todas as partes da Terra.
Desta vida levou o rumor dos pinheiros, o murmúrio das ondas, a música que ele próprio compusera para as cantigas - os homens eram tão imperfeitos, e tinha tantas saudades da perfeição de Deus!